terça-feira, 26 de agosto de 2008

Um passo para trás por quê?

Na longínqua Revolução Russa, lá no começo do século passado, Lenin falou em dar um passo para trás para poder dar outros dois para frente. Naquele contexto, o passo para trás era a produção voltada para exportação que geraria lucros à Rússia e esse lucro seria futuramente aplicado na área social, possibilitando os dois passos para frente.

Isso aconteceu há 91 anos atrás, quase do outro lado do mundo.

Agora, estamos diante de um impasse aqui no Brasil.
Recentemente, foram descobertas novas reservas de petróleo na bacia de Santos. Segundo previsões menos otimistas, o Brasil se tornaria um dos dez maiores produtores de petróleo do Mundo. Já os otimistas afirmam que seríamos O maior produtor petrolífero do planeta. Estatísticas à parte, estamos prestes a vivenciar uma injeção de dinheiro nunca antes vista nesse país.
O impasse se encontra justamente na melhor maneira de explorar esse petróleo. De acordo com a lei vigente, o governo colocaria em leilão o direito de explorar essa área, e uma empresa privada receberia essa concessão. O medo dos nossos governantes é de que esse dinheiro "escape" para o exterior, como sempre aconteceu na nossa história, desde as riquezas geradas pelo famoso Pau-Brasil. A idéia seria cobrar os royalties em forma de petróleo. E, para isso, seria criada uma nova estatal para gerenciar esse recebimento.

Com a nossa economia crescendo e nosso país se desenvolvendo como nunca ocorreu em toda a nossa história, criar uma estatal seria, sem sombra de dúvida, dar um passo para trás. O problema é que não consigo enxergar quando os dois passos para frente seriam dados.
Criar uma estatal exigiria uma mudança na Constituição, que só pode ser feita partindo do poder executivo. Depois, dependeríamos da aprovação do Senado e da Câmara (e todas as tramóias de nossos gloriosos políticos, às quais já estamos acostumados). Após aprovada a criação da estatal, esperaríamos a abertura de concursos públicos para a contratação de funcionários e cada aquisição feita por essa futura empresa, exigiria uma licitação e muito mais burocracia. E depois que tudo estiver pronto, estaríamos à mercê de toda a politicagem presente nas estatais, que mudam de diretriz a cada mudança no poder.

A outra proposta, é a de aumentar os royalties que seriam pagos pela empresa exploradora. Isso não assustaria nenhuma empresa candidata à exploração, porque o petróleo é lucro certo em qualquer lugar do mundo. E esse aumento pode ser feito por meio de um decreto, baixado da noite para o dia pelo poder executivo.

Meus caros, estamos vivenciando mais um momento chave para a nossa história. Nos próximos meses (ou anos) saberemos, finalmente, se vamos despontar como um país de primeiro mundo, uma nova potência econômica mundial, ou se vamos continuar com nosso complexo de vira-lata, roendo o osso deixado pelos nossos exploradores.

Um comentário:

Bruno Calzavara disse...

nossa, vc fala de coisas sérias e inteligentes! quem diria! ;P
mas, de verdade, bom texto. engraçado o futuro de um país estar num líquido negro e gosmento a 3849732948623 metros abaixo na terra.