quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Reunião aponta para um consenso

Antecipando o texto do Cacos de Papel....


Incertezas diminuem e mudança de campus parece iminente.


Na manhã dessa quarta-feira, dia 10 de setembro, ocorreu na sala de reuniões do DECOM uma reunião para apresentação do projeto de uma possível mudança de campus do curso de Comunicação Social para o prédio da antiga Rede Ferroviária, localizado no bairro Rebouças. Estiveram presentes os professores do Departamento de Comunicação Social; as professoras Maria Tarcisa da Silva Bega e Norma Ferrarini, diretora e vice, respectivamente, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes; a professora Maria Luiza Marques Dias, arquiteta e Coordenadora de Planejamento Institucional da Pró-Reitoria de Planejamento, Orçamento e Finanças; e alguns representantes discentes.
No encontro, foi apresentado o projeto do Plano Diretor da Universidade e discutida a possibilidade de mudança do curso de Comunicação Social. Confira os principais pontos discutidos.

O Projeto

A principal idéia da Universidade é “consertar” todas as pendências da instituição no que diz respeito à localização de alguns cursos. Entrariam no projeto os cursos de Artes (que se encontra num terreno pertencente ao INSS, localizado no Batel), Design (precariamente instalado no prédio D. Pedro II, na Reitoria) e o curso de Comunicação Social, que também se encontra num espaço pertencente ao INSS.
“A qualquer momento, numa mudança de governo, por exemplo, mudam-se as diretrizes com relação ao INSS e o órgão pode pedir um ano para a desocupação dos terrenos. Então teremos ainda mais dificuldade”, afirmou a professora Maria Luiza, referindo-se aos cursos de Comunicação Social e Artes.
Segundo a professora Maria Tarcisa, diretora do SCHLA, a verba disponibilizada para a obra por meio do programa REUNI é suficiente para “arrumar” o setor, favorecendo a interação entre os alunos de humanas.
Além disso, as novas vagas abertas para o vestibular 2009 obrigam a Universidade a se preparar para receber mais alunos até março do ano que vem. Todos os outros cursos de outros setores já se prepararam pra fazê-lo, apenas o SCHLA continua com futuro incerto.
O projeto apresentado prevê a mudança desses três cursos já citados anteriormente e também de quase todas as Pró-Reitorias, liberando muitos espaços tanto no prédio da Reitoria, quanto no edifício histórico da Praça Santos Andrade.
Para a professora Maria Luiza, o fato de os três cursos utilizarem laboratórios em comum facilitaria muito o processo de ocupação do prédio, que conta com uma área construída de 13.500 metros quadrados.
Outras possibilidades previstas no projeto dizem respeito à construção de um novo R.U., para não superlotar o restaurante da Reitoria, e o Projeto Rebouças, da prefeitura de Curitiba, que pretende revitalizar a área transformando-a em uma cidade universitária, aproveitando as novas possibilidades de interação com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

A Favor da Mudança

Além do fato do terreno pertencer ao INSS, outro grande argumento apresentado pelo Plano Diretor da UFPR e endossado por professores e alunos de Comunicação é o isolamento do campus com relação ao resto da Universidade. “A convivência com sempre as mesmas pessoas, no mesmo ambiente, limita demais a vida acadêmica dos alunos que se encontram isolados”, defendeu a professora Maria Tarcisa.
Também foi defendida a possibilidade de crescimento estrutural do curso, podendo contar com novos e melhores laboratórios e equipamentos graças à verba disponibilizada para as obras.

Contra a Mudança

A grande maioria dos professores do Departamento de Comunicação não se mostrou muito favorável à mudança. “Tenho a sensação de estar tendo um déja vu” ironizou o professor Itanel Bastos de Quadros, referindo-se às duas mudanças anteriores do curso, primeiro para o prédio da Santos Andrade e posteriormente para o campus Juvevê. Nas duas vezes, o DECOM teve muitas dificuldades de se estabelecer.
O argumento foi rebatido pela professora Maria Luiza com a inserção de um fato novo: “Dessa vez, ao contrário das anteriores, temos muito dinheiro à disposição, o que facilita demais as coisas”. O SCHLA conta com uma verba de 4 milhões de reais, enquanto o prédio do Rebouças será reformado com uma verba de 9 milhões.
O professor Mário Messagi Júnior, por sua vez, afirmou não concordar com o desperdício de dinheiro gasto nas reformas no campus atual. “Mais de um milhão de reais foram depositados aqui e serão jogados fora”, afirma. Uma contraproposta apresentada por ele foi a de trazer os outros dois cursos (Artes e Design) para este campus. Mas também foi descartada pela falta de possibilidades de adquirir o terreno do Juvevê junto ao INSS. “A verba não está disponível para o Reitor utilizá-la como bem entender. Os 9 milhões de reais são destinados à reforma do prédio no Rebouças” rebateu a professora Maria Luiza.
O CACOS também se manifestou por meio de seus representantes apresentando os argumentos da falta de segurança na região e desconfiando das promessas de uma melhor estrutura para o curso, o que dificultaria a aceitação da mudança por parte dos estudantes. A promessa do Plano Diretor é de um reforço na segurança do local por meio de projeto da prefeitura para a revitalização do bairro.
A outra reivindicação de Centro Acadêmico diz respeito ao espaço físico do CACOS, que seria perdido com a mudança.

TV UFPR, Museu e Imprensa

As outras instituições presentes nesse mesmo campus ficariam também com seu futuro indefinido. Segundo o bolsista sênior da Imprensa Universitária, Adalberto José da Silva, a Imprensa “já está para mudar para o centro politécnico há uns dez, quinze anos”. Talvez a desocupação do terreno do Juvevê seja a deixa para se concretizar a mudança.
O Museu de Etnologia e Arqueologia já passou por situação semelhante quando recebeu o prazo de um ano para desocupar completamente a antiga sede em Paranaguá, que também não era posse da Universidade. Após muito esforço e muitos gastos com o transporte de todo o acervo do Museu para Curitiba, a instituição terá de abandonar a atual sede quando a mudança for concretizada.
A TV Universitária, a Agência de Relações Públicas, a Fábrica de Comunicação e a redação do Jornal Comunicação passarão pelo mesmo problema.

Diálogo

Para a professora Maria Tarcisa, o DECOM não mais deveria discutir se deve ou não mudar de campus, mas sim apresentar as exigências estruturais do curso para a análise do Plano Diretor. Para ela, a situação se complicaria ainda mais caso o curso permaneça nessa mesma área, pois outros cursos ocuparão o espaço vago no futuro campus e Comunicação Social poderia ficar sem rumo definido.
Mas o diálogo entre Departamento, Setor e Plano Diretor continua aberto e a mudança só ocorrerá quando houver um consenso entre as partes.

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