sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ditadura democrática

Duas notícias que envolvem o governador do estado do Paraná, Roberto Requião, chamaram a minha atenção nesses últimos dois dias.

A primeira é a respeito da suspensão do decreto que nomeava o irmão do governador como Secretário de Estado dos Transportes. Após a Súmula vinculante número 13 do Superior Tribunal Federal declarar ilegal o nepotismo, nosso querido governador insiste em tentar empregar parentes em cargos públicos.
Graças a uma decisão judicial, a nomeação foi barrada.

A segunda, um pouco mais especulativa, foi veiculada no blog do jornalista esportivo Paulo Vinícius Coelho (http://blogs.espn.com.br/pvc/). Segundo o jornalista, a cidade de Curitiba está praticamente fora da disputa para ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, maior evento esportivo mundial. A razão apontada pelo blog é de que o presidente da CBF (e também aspirante a ditador vitalício) Ricardo Teixeira não "se dá" muito bem com Roberto Requião.

Meus pais, tios, avós e outros milhões de brasileiros lutaram, por mais de 20 anos, por um país democrático. Lutaram por um país que pudesse ser administrado a partir de decisões democráticas. Lutaram para a reativação de instituições que fazem parte dos pilares de uma sociedade democrática, como o Senado, a Câmara de deputados, Assembléia Legislativa, Supremo Tribunal Federal.
Dentre esses "lutadores", encontrava-se um advogado formado pela Universidade Federal do Paraná e também jornalista, formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Um militante idealista e sonhador do então MDB (Movimento Democrático Brasileiro), o Sr. Roberto Requião de Mello e Silva.
Atualmente, é o único governador eleito três vezes pelo voto popular no estado do Paraná. Já foi Senador e Prefeito de Curitiba, também por meio de eleições democráticas.
Mas parece ter esquecido suas raízes, para a tristeza daqueles que o seguiram tão fielmente durante anos.

Medidas pessoais, impulsionadas por emoções de rancor, ódio e um sentimento de poder que não possui são as atitudes tomadas por esse ex-militante democrático. Liberar mais verbas do governo estadual para cidades cujos prefeitos são seus amiguinhos, prejudicar de maneira direta a administração municipal nas cidades onde não haja essa amizade com o prefeito (Curitiba e Paranaguá, por exemplo), nomear parentes para cargos públicos no mesmo dia em que o STF considerou o nepotismo inconstitucional, não abrir mão de um orgulho ridículo que vale infinitamente menos do que uma administração voltada para o bem-estar da população, tomar conta de um canal de tv para fazer propaganda pessoal.
Governador, retome seu viés democrático e governe para o povo que seguiu no meloso "me chama que eu vou". Não lembre de seus tempos de protesto apenas para apresentar uma receita de ovo frito na "Escolinha de Governo", mas também nos momentos em que puder abrir mão de desavenças pessoais para colocar o estado no rumo certo.

Caso isso não seja feito, o Sr. será, para mim, "aquele garoto que queria mudar o mundo/agora assiste a tudo em cima do muro".

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